sexta-feira, 25 de julho de 2008

Terapia em grupo




O número seis marca o romance The Jane Austen Book Club, de Karen Joy Fowler (Penguin Fiction), e que acabei de ler agorinha. O local é Sacramento, na Califórnia, Estados Unidos (Por falar em seis, a cidade faz parte da lendária Rota 66). Seis pessoas - cinco mulheres e um homem - reúnem-se durante seis meses para comentar as seis novelas da escritora inglesa. São elas: Persuasão; Mansfield Park; Orgulho e Preconceito; Emma (Minha predileta!); Razão e Sensibilidade; e Abadia de Northanger. 

O que poderia ser apenas um simples encontrinho literário vira uma espécie de terapia em grupo. Cada um exorciza seus problemas nas reuniões. O que é dissecado nos encontros reflete na prática, no dia-a-dia de cada um dos integrantes do grupo. Quem não leu as obras da autora inglesa - considerada a mais importante depois de Shakespeare - não fica a ver navios. As últimas páginas do livro foram reservadas para uma resuminho básico da cada uma.

Com fãs espalhados por todo o mundo - a maioria esmagadora do sexo feminino, é claro - Austen teve todos seus livros adaptados para o cinema. Pesquisando na web ao escrever esse texto descubro ainda que o livro que acabo de ler foi também transformado em película de mesmo nome e ainda acho um blog onde a 'proprietária' tenta seguir a mesma idéia: debater as obras da romancista. Incrível como a inglesa se mantém tão atual. Talvez porque os dramas do ser humano continuem exatamente os mesmos...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

MATINÊ





Férias. Quarta-feira. Verão no hemisfério norte. Sol estalando no céu azul. Compromisso às duas da tarde. Chego ao local faltando um minuto para o horário combinado. No minuto seguinte descubro que o encontro estava agendado para o dia seguinte. Não demoro a descobrir o antídoto para um mal-humor que já me rondava. Cinema! Assisto Miss Pettigrew lives for a day, que seria o primeiro a ser exibido no cinema mais próximo. Trata-se de uma daquelas películas (adoro essa palavra) perfeitas para ir sozinha, quando tudo o que se quer é pensar em... nada!

O ano é 1939 e Miss Guinereve Pettigrew (Frances McDormand) é uma governanta que é despedida - injustamente, diga-se de passagem. A mulher de meia-idade não se revolta ou sequer fica cabisbaixa. Desencana e vai curtir a vida pela primeira vez. A estratégia é remunerada. Ela torna-se uma espécie de 'secretária social'. Troca o ambiente pacato das residências familiares pelo glamour da vida da atriz e cantora Delysia Lagosse (Amy Adams). Torna-se amiga da estrela e tenta ajudá-la a resolver seus dilemas amorosos. A solução deve vir, em tese, nas próximas 24 horas. Se contar mais não tem graça. Pra que tem um compromisso desmarcado, está de férias e, por conseguinte, tem a tarde livre, é diversão na certa.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Vida nada besta





Criança, a gente estudava na mesma escola e fazia inglês no mesmo lugar ("CCAA the world is yours..."), mas o que menos se fazia, no caso dos dois, era prestar atenção na aula. Eu escrevia sobre tudo, menos sobre a matéria do dia. Ele desenhava, desenhava, desenhava. Eu continuo escrevendo. Ele continua desenhando. Eu moro aqui no país dos chocolates. Ele lá no país de um tanto de coisas. Mas veio me visitar (um diazinho, mas veio!). Pela internet mantemos a amizade. Pela internet também fico orgulhosa de ver o talento do amigo. O trabalho extrapolou os quadrinhos e agora tem foto, tem pintura! E tem dramas existenciais, tem crítica, enfim, tem tudo que uma boa produção precisa ter. Galvão Henrique virou Galvão Bertazzi.

Ele trabalha com quadrinhos e ilustrações desde a metade dos anos 90, ganhou prêmios (troféu HQMIX para melhor site de autor em 2003 e 2004, entre outros) e anda publicando suas criações no Brasil e mundo afora, como na revista italiana Internazionale. Anos atrás, trocou o cerrado pelo mar (isto é, Goiânia por Florianópolis). Semanas atrás voltou da Europa transbordando idéias ("Nunca pensei tanto nessa vida", me disse quando nos esbarramos por aqui), equipamentos novos e um sem-número de fotos que nem no Flickr couberam. Com certeza muita coisa boa ainda vem por aí. Para conhecer mais sobre o trabalho de Galvão visite o fotolog e o blog. Ah, tem comunidade no Orkut também. 




Objeto de desejo





Da minha enorme lista de objetos de desejos (fúteis e úteis) consta uma Remington, bem velhinha e em cor pastel - como essa da foto acima. Que me importa se ela está enferrujadinha? Quase nunca 'datilografei', mas tenho certeza que, além de um super hit na decoração da minha casa, ela seria usada em empreitadas de diversos gêneros. Já pensou receber uma carta hoje em dia? E ainda por cima datilografada?! Luxo para poucos. Assim que eu tiver a minha, 'gentes' queridas terão essa surpresa. Ah, a Remington, segundo registros espalhados por aí, foi a segunda máquina de escrever a ser inventada, por um norte-americano de mesmo nome. Se o fato de ser segunda ainda é uma suposição, é certo que ela foi a primeira a ser produzida em série. Isso em 1873. Para se ter uma idéia dos sucesso da mocinha, em 1886 haviam mais de 50 mil delas nas mãos (e dedos) de seus contentes donos. Para essas typewriters foram desenvolvidos caracteres especiais mono-espaçados e que até hoje são usados. Sim, ela é up-to-date ainda na era dos computadores! E, cá entre nós, um charme, né?


domingo, 20 de julho de 2008

Chinês versus Alemão





- Vamos ao cinema hoje? 
- Vamos. Que horas?
- Oito.
Aceito o convite do namorado. Não pergunto mais nada. Confio no bom gosto dele. Acontece que era um evento coletivo, ou seja: mais gente ia ver o filme que não havia sido escolhido por ele. Eis a questão. A Thousand Years of Good Prayers - ganhou dois prêmios Festival de Cinema de San Sebastián desse ano (melhor filme e melhor ator) - é falado em chinês e foi exibido com legendas apenas em alemão. Isto é, caso eu tivesse alguma dúvida na tradução do alemão (ou vice-versa) não teria o inglês pra facilitar tudo. E lá estava eu, Lost in Translation! 

Entre uma dúvida de vocabulário ou outra fui gostando do filme, que conta a história conta sobre a visita de Mr. Shi (Henry O.), um viúvo chinês, à filha que mora nos Estados Unidos. Yilan (Yu Feihong) mora em Washington e acabou de se separar do marido. A intenção dos dois é tentar a reaproximação. Acontece que ela sabe que o pai cometeu alguns deslizes durante o casamento com a mãe. Enquanto ela vai trabalhar, ele cozinha, dá uma bisbilhotadinha nas coisas da filha e passeia pela vizinhança. Num banco de parque conhece Madam (Vida Ghahremani), uma senhora iraniana que refugiou-se nos Estados Unidos. Detalhe: nenhum dos dois dominava o inglês, o que não impediu a comunicação e os frequentes encontros dos dois. 

A sensibilidade do diretor Wayne Wang foi uma surpresa! Esqueci da dor de cabeça ocasionada pelo esforço pra entender tudo e deixei-me levar pela fluidez - em alguns momentos pesada, confesso - e gostei. Quero ver de novo, um dia. Dessa vez com legendas em português, de preferência.